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Agora
Dia
desconhecido, fevereiro de 2067
Sua
cabeça latejava, parecia que tinha tomado cinco caixas de cerveja e agora
sofria com a vingança do seu corpo que enviara uma maldita ressaca.
Marie
tentou com toda sua força abrir os olhos, mas eles não obedeciam ela sabia que
estava acordada. Por poucos minutos ela suspeitou que estivesse morta, mas um estampido
vindo do lado de fora que lembrava um tiro a fez repensar sua hipótese.
Esperou
alguns minutos forçando os olhos a se abrirem.
Quando
finalmente eles se abriram Marie se arrependeu de ter tentado tanto, a dor foi
tão insuportável que a fez perder a consciência novamente.
Era
pior que seu pior pesadelo, a sala estava totalmente escura ela só conseguia
enxergar algo por causa de uma pequena janelinha na parede que ela suspeitava
ser uma porta.
Marie
iria agradecer a benção de ter uma janela com luz ate perceber que era uma
maldição. Havia algo naquela sala que não estava oculta na escuridão, dezenas
de corpos estavam amontoados por toda a sala como se fosse o tapete do lugar.
Onde
ela estava? Que merda de lugar era aquele, por que todos aqueles corpos? Era
provável que estivesse morta, quando havia acordado pela primeira vez naquela
sala ela ainda estava viva, mas agora... ela tinha certeza de que aquele lugar
era o inferno, nunca acreditara nesse tipo de coisa, mas a situação não era a
mais favorável para se manter cética.
-
Estou... – O pânico inundou sua mente -... Morta?
Como
ela tinha morrido? Não importava muito, afinal sua realidade agora era uma sala
cheia de corpos... No que ela tinha certeza que era o inferno.
Lagrimas
começaram a escorrer pelo seu rosto enquanto ela berrava de medo.
Tentou
ficar em pé, mas mal conseguiu se sustentar. A sala começou a girar e ela tinha
a certeza de que ia desmaiar, ela se forçou a ficar de pé, foi assim que viu
uma esfera negra estática no ar. De onde tinha vindo aquilo?
-
Meu deus, meu deus, meu deus – murmurava freneticamente enquanto olhava para
esfera.
Não
era uma bola negra normal, era algo obscuro que conseguia absorver a própria
escuridão Marie sentia arrepios apenas por olhar aquela esfera negra.
Foi
então que surgiram outras duas esferas ao lado da primeira, uma de cada lado.
Todas assustadoras.
-
Socorro! Alguém... Por favor, me ajuda...
Ela estava agachada no chão com os braços
tampando os olhos, Marie podia sentir a mão fria de alguém tocando seu pé ela
queria muito sair dali não conseguia pensar em nada que não fosse chorar e
gritar.
Quando
olhou novamente para a janelinha que trazia a única luz para a sala pode ver as
esferas aumentando. Ela mal conseguiu se controlar, quando percebeu já estava
estendendo a mão para a esfera, foi então que as esferas pararam de expandir e
ficaram novamente estáticas no ar.
O
medo desapareceu, ela tinha criado aquilo? Seu instinto dizia que sim, e Marie
acreditava nisso.
Ela
apontou a mão novamente para as esferas e de olhos fechados imaginou elas se
aproximando, foi um erro, quando abriu os olhos havia apenas uma esfera
estática enquanto as outras duas haviam desaparecido do mesmo jeito que apareceram.
Do nada. A única esfera que restava estava quadruplicando seu tamanho e Marie
não conseguia a fazer parar, quanto mais à esfera aumentava mais a garota se
arrastava para longe fazendo com que corpos e mais corpos fossem engolidos pela
escuridão.
O
desespero retornou quando ela sentiu a parede em suas costas e a esfera na sua
frente continuava a se expandir. Marie simplesmente fechou os olhos e esperou
para ser engolida.
Ela
sentiu uma luz encontrar seus olhos, e novamente se arrependeu de ter aberto.
O
teto da sala não existia mais, o chão estava marcado pela circunferência da
esfera, e os corpos que não tinham sido totalmente engolidos pela esfera estavam
ali. Pernas, braços, cabeças todas de pessoas diferentes espalhadas e separadas
de seus corpos. A outra parte? A esfera tinha levado para algum lugar que Marie
não queria descobrir.
Ela apenas fechou os olhos
e começou a chorar e berrar novamente.
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