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Antes
Quinta feira, 21 de fevereiro
de 2067
Seu
dia definitivamente estava ruim.
No
dia anterior havia recebido outra advertência por usar celular dentro de St.
May, sua mãe havia sido notificada e como se não bastasse ela ficaria de
castigo todos os dias que ficaria em casa.
Hoje,
porém, Marie não estava nem um pouco interessada na aula incrivelmente patética
de física. Discutiu com o professor, e
por isso foi mandada para a sala de desvio comportamental para passar um
tempinho conversando alegremente sobre sua conduta com Kelly Summers a
orientadora do internato. Para Marie não havia coisa pior que ir para sala de
Kelly, que por acaso, ela fazia no mínimo dez vezes na semana.
-
Senhorita Mason, já é a quarta vez que você vem a essa sala – A tentativa
grotesca de Kelly parecer seria causava risinhos de deboche, algo que Marie não
conseguia evitar.
- Me
desculpe, às vezes esqueço que as pessoas tem o direito de serem idiotas, mas
ele passou do limite! – Marie retrucou.
A
sala onde as duas estavam ficava, infelizmente, no subsolo, umas das supostas
vantagens de ir para o incrível Internato de St. May. Nem ela nem Kelly
gostavam de ficar de baixo da terra, a sala de sua orientadora também não ajudava,
era uma caixa de sapatos com no máximo cinco por cinco metros quadrados, com um
ventilador de teto a mesa onde Kelly conversava com seus alunos, ao redor
ficavam duas prateleiras repletas de livros para psicólogos e romances adultos.
Tudo isso ligado por um extenso e sombrio corredor iluminado por lâmpadas
velhas que amavam falhar quando ela o atravessava.
A
orientadora encarou Marie, dessa vez ela havia exagerado.
- Eu
já te disse isso antes... – Kelly começou a fazer seu velho discurso – Você tem
que aprender a controlar sua raiva, as coisas não vão se resolver apenas com
você falando oque vier...
O
rosto de Kelly sumiu de repente, com o susto, Marie mal pode se segurar e
berrou diversos palavrões para o nada amaldiçoando ele por deixa-la debaixo da
terra no escuro. Finalmente, depois de alguns minutos Kelly conseguiu acalmar a
garota pegando uma lanterna que guardava em sua gaveta.
- É
para caso de emergência – Ela disse.
Em
seguida ligou o feixe de luz iluminando o próprio rosto mostrando que estava
sorridente.
-
Alias não fique se borrando como uma menininha – Kelly provocou.
-
Não estou... – Marie sussurrou.
Mas
as duas sabiam que ela estava Marie odiava o escuro mais que tudo na vida.
Kelly
se apressou e iluminou a porta para que Marie pudesse abrir. A garota mal pode
evitar o gemido de medo ao descobrir que tinha ido parar naqueles filmes de
terror com o corredor escuro que a qualquer momento um demônio iria sair do
nada e cortar sua...
-
Vamos logo sair daqui, por favor – Sussurrou desesperada.
Marie
não pode evitar, rapidamente segurou a mão da orientadora, bem no fundo ela
sabia que não odiava Kelly, apenas odiava o fato de ter que ficar naquela
escola estupida.
O
corredor onde ficava a sala de orientação era o mais isolado da escola, o lugar
mais próximo e movimentado era o refeitório que ficava do lado das escadas que
levavam para o subsolo. As duas passaram rapidamente pelas escadas para
encontrar St. May mergulhada no caos. Todos os alunos da escola estavam
separados formando pequenos bandos que passeavam livremente pela escola – oque
era algo muito estranho já que se fosse o caso os seguranças seriam acionados e
todos iriam para os dormitórios, que ficavam no subsolo – eles estavam
assustados como se tivessem visto um fantasma.
Marie
arrastou Kelly para rapidamente abordar uma garota que ela não lembrava o nome,
mas sabia que era de sua sala e disse:
-
Você sabe oque esta acontecendo?
-
Não, os celulares não estão funcionando... Nada esta funcionando.
A
garota saiu andando para o refeitório como se Marie fosse uma estranha aleatória.
-
Preciso ir à sala de professores – a orientadora falou.
-
Algum de vocês sabe oque esta acontecendo? – Kelly perguntou olhando na direção
dos outros professores.
Estava
na sala um total de dez professores, ao lado dali estava a sala do diretor que,
segundo Bruce Chamberlain – o pior professor da escola que por acaso dava aula
de gramatica e tinha a reputação de abusar de alunas do ensino médio, claro que
nada tinha sido provado e as alunas tinham negado a acusação, mas todos sabiam
que era verdade – o diretor, conhecido como Ben estava em uma importante
reunião e não podia ser incomodado.
-
Não, estamos esperando informações do diretor.
-
Ótimo, onde estão os seguranças? – O professor de história, Rooskey, reclamou –
Ali esta um caos! – disse apontando para a porta.
-
Não deve demorar muito – Bruce sussurrou.
-
Tomara...
A
porta da sala do diretor se abriu de repente, um homem de terno saiu de dentro
sorridente e olhou para todos na sala.
-
Tudo resolvido, não vai demorar muito para que as coisas voltem ao normal – O
homem disse – Eu já vou indo, Ben deve vir a qualquer momento ter uma reunião
com vocês e... – Ele olhou de um modo estranho para Marie -... Você não deveria
estar aqui, ele vira logo – disse olhando para os professores.
-
Querida, acho melhor você ir – Kelly falou implorando de um jeito que só ela
conseguia fazer.
O
homem já tinha saído sem dizer mais nada, agora todos os professores encaravam
a garota como se ela fosse um monstro que deveria ser queimado vivo.
-
Tudo bem... Ele disse que ia voltar ao normal não é?
-
Sim – Kelly respondeu.
Marie
jurava que havia ouvido um grito quando saiu da sala, mas não tinha como ter
certeza por causa do barulho que estava fazendo do lado de fora. Era impressionante,
o comportamento dos alunos sem seguranças por perto, seria maravilhoso que
aquilo terminasse logo, pois a maioria ali tinham problemas psicológicos e não
duvidaria se começassem a se matar de repente.
Ela
não tinha nenhum amigo em especial, tinha se fechado quando entrou para St. May,
mal falava e quando falava era pra insultar os professores da escola. Marie era
muito atraente e sabia disso, sabia como usar isso com os garotos de sua sala,
mas não usava por que queria permanecer invisível mesmo sendo mandada para fora
de sala quase todo o dia ela tentava com todas as suas forças permanecer
invisível naquela maldita escola. Afinal, tinha sido por causa de sua aparência
que ela havia parado naquela escola.
Marie
estava perto de sua sala de aula observando a movimentação dos alunos que
andavam pra lá e pra cá, foi então que o homem de terno que tinha saído da sala
do diretor apareceu se destacando dos alunos.
-
Todos os alunos que estão fora da sala de aula devem retornar para seus
dormitórios, em alguns minutos nosso gerador irá ser ativado – A voz de um
homem ecoou pelo megafone – Quem estiver no pátio da escola ira sofrer com as
terríveis consequências...
Um
estrondo fez o chão tremer.
Marie
mal conseguiu se equilibrar batendo a cabeça numa parede em seguida tudo se
tornou um imenso borrão e, tudo oque ela conseguia se lembrar daquele dia eram
dos corpos amontoados numa sala escura.
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