sábado, 30 de janeiro de 2016

Prólogo - O primeiro Ancião

Prólogo
         Já deveria esta amanhecendo, mas qual era a importância disso? Haviam entregado a sua localização ao governo, provavelmente algum espião escondido entre eles.
         O tempo não estava do seu lado, naquele local do apartamento, se tivesse sorte, demoraria pelo menos uns dez minutos a mais para encontrar o fundo falso.
         Infelizmente não havia nenhuma janela para ele enxergar oque acontecia do lado de fora do prédio, receoso ele instalou câmeras de vigilância por todo prédio ligando elas aos seis monitores que ganhou do seu mestre. A sala onde estava era muito pequena, não tinha mais que quatro metros quadrados. Ele havia preenchido as laterais dela com os computadores de ultima geração e no meio sentado numa cadeira almofadada estava ele.
         Seu nome, como ensinava seu mestre, já não era mais necessário. Afinal, ele tinha sido avisado dos riscos que aquela missão traria e sua ultima ordem havia sido enviada na noite anterior. Oque significava que ele era um homem morto.
         “Não vou deixar seu sacrifício ser em vão”, seu mestre havia dito.
         Ele havia adotado aquela causa justamente para isso. Sacrifício. Era essa sua ideia inicial quando resolveu entrar naquele grupo da internet.
         Nervoso, começou a digitar no teclado códigos e mais códigos, comandos, abrindo e fechando abas de programas usados por hackers que desabilitavam algoritmos e firewalls. Tecnologia de ultima geração que ele mesmo havia criado.
         Em menos de meia hora já havia entrado no servidor de armas bélicas guiadas por satélites da UPA, porém aquela só era cinquenta por cento de sua missão. Com muita velocidade adquirida em anos de experiência com o computador ele verificou centenas de arquivos ate encontrar uma pasta especial.
         “Projeto Neo Ark”.
         Aquele arquivo era uma lenda urbana entre os hackers do mundo inteiro. E lá estava ele, acabara de encontrar uma lenda urbana.
         - Finalmente... – Sussurrou enquanto a luz artificial iluminava seu rosto mal cuidado.
         Sem hesitar clicou no botão do mouse e o download teve inicio.
         2%
         Em um dos monitores que mostrava a fachada, vários carros pretos estacionaram rapidamente e em seguida homens armados com submetralhadora desceram e andaram nervosamente na direção do prédio.
         Não havia mais tempo.
         29%
         Para sorte dele um de seus passatempos era o de criar armadilhas feitas para matar sem deixar rastros. Ele sempre soube que algum dia iria ter de usar com o objetivo de cumprir alguma missão, parece que aquele dia havia chegado.
         Num outro computador ele digitou tremendo um código de segurança, mandando todos os dados para a conta de seu mestre sem que alguém descobrisse qual era o ID. Ao mesmo tempo observava friamente os homens armados subindo as escadas do segundo andar.
         47%
         Num apartamento daquele andar um autofalante escondido reproduziu uma mulher sendo estrangulada, aquilo era o bastante para distrai-los por alguns minutos.
         61%
         Ele precisava ser mais rápido, era uma questão de tempo ate eles perceberem que tinha sido um truque. Em outro monitor havia uma notificação de uma mensagem feita por um desconhecido, ele não tinha tempo para isso, ignorou e continuou abrindo e fechando abas ate encontrar um ativador.
         Como um bom estrategista que era ele havia plantado bombas caseiras em toda base do prédio. Explosivos o suficiente para soterrar tudo e todos que estivessem dentro do prédio.
         73%
         No outro monitor, clicou num programa de gravação e começou a sussurrar:
         - Esse é o fruto de anos procurando por uma lenda urbana da internet... Agora finalmente o mundo retornara a sua verdadeira forma, Yawah esta chegando e não há nada que vocês possam fazer...
         83%
         Ele ouviu um pequeno ruído vindo ao lado de seu fundo falso.
         Mesmo naquela situação o homem não conseguiu conter a risada. Faltavam alguns segundos para que os explosivos fossem detonados.
         89%
         Rapidamente ele clicou na notificação de autor desconhecido e por fim seu sorriso desapareceu quando leu a mensagem:
“Obrigado Senhor Nestor K. R., seus serviços não são mais necessários. Boa sorte no inferno, você vai precisar. Com amor, X.Y. S”.
         99%
         Sem dizer uma única palavra o homem morreu devorado pelas chamas do prédio.

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