quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Um encontro macabro





Essa é uma história real, um pouco engraçada e sobrenatural. Aconteceu comigo a poucos dias atrás. É um relato que envolve desejo, uma bela mulher e a morte. Legal, não?
Acho que deixar claro isso logo de início é uma meio de deixar você interessado pelo meu texto. Sem contar que depois dessa desta, você já deve estar imaginado um possível desfecho.
Já deve ter pensado em uma bela mulher morrendo pelas mãos de um louco, um homem apaixonado demais, doido de amor! Ou pode ter sido mais criativo. Como por exemplo:
Uma bela camponesa, que é totalmente apaixonada por si mesma (Sim, outra idiota!), tentando agarrar seu próprio reflexo, refletido em um profundo lago durante uma noite de Lua Cheia. E o resto: Água, afogamento, escuridão.
É, daria uma boa história, quem sabe um dia eu não acabo escrevendo ela…
Mas, isso é ficção, imaginação. E como já disse, minha história é real! E envolve desejo, uma bela mulher e morte. Repeti para você não se esquecer!
Para te lembrar de que você já sabe de alguma coisa. Mas ainda não entende nada do início, nem do meio e do fim. E isso sim importa para mim, para a leitura de meu texto.
Vou lhe mostrar o caminho, lhe contar tudo! Só não pare de ler, continue curioso… Vamos, venha comigo, vamos seguir juntos! Vai valer a pena!
Garanto que meu final pode ser bem inusitado!
Será um desabafo meu, servindo de entretenimento para ti! (Infelizmente é só isso que me resta para se fazer.).

Bom… Vamos lá…



Sempre fui um cara que prefere sair à noite, curto a lua, as estrelas.
No último domingo decidi ir comer fora. As vezes eu canso de abrir a geladeira e sempre ver a mesma coisa!
Uma vez conheci uma cara que falava algo mais ou menos assim “É pecado se contentar só com arroz e feijão, quando há tanta coisa boa por ai”. Sem contar que nas ruas é diferente! Nas ruas você pode comer o que quer! Tudo feitinho na hora! Nada de coisas vencidas, congeladas, industrializadas. Diz ai, você não curte comer fora as vezes? Sim, eu sei que sim.
Pois bem, eu sai, comi e acabei não gostando. Sei lá, devo ter perdido o jeito para essas coisas, escolhido errado.
No fim das contas fiquei com a maior dor de barriga. Até vomitei.
E assim, tomado de decepção por ter deixado minha humilde residência em vão. Decidi que voltaria para casa, em vez de ficar curtindo a noite por mais algumas horas (Esse era o plano inicial.).
Para chegar onde moro, posso ir por vários caminhos, mas naquela noite, mesmo com a dor de barriga, decidi fazer um trajeto que gosto muito. Um que passa em frente ao Cemitério São José.
Só eu sei, como é estranho um cara como eu gostar de cemitérios. Gostar de um lugar cheio de defuntos.
Uma vez ouvi da dona de uma pensão que morei ainda quando adolescente, a seguinte perola:
“Nossa! Tão jovem e já sente essa fissura pela morte”.
É, pode ser que demore para mim ganhar uma sepultura, mas nada impede que eu sinta uma certa atração por um lugar tão silencioso e belo quanto o cemitério. E outra, a velha que falou isso, não me conhecia e provavelmente hoje, já está debaixo da terra. Quietinha, sem se intrometer na vida de ninguém. Eu espero.
Caminhei quieto e quando passei em frente ao cemitério, vi no ponto de ônibus algo que fez minha dor de barriga ir embora. Era simplesmente a mulher mais linda do mundo! Pele clara como porcelana, cabelos dourados como o ouro e que corpo! Simplesmente maravilhoso!
A loira olhou para mim e sorriu.
Eu não perdi a oportunidade, fui em sua direção.
- Boa noite senhorita.
- Boa noite. Ela respondeu.
- Me chamo Lúcio, será que posso esperar o ônibus com você?
Fui direto! Não sou muito bom com as mulheres, então esse foi o máximo que consegui.
- Se quiser ficar aqui, pode ficar. Mas não estou esperando o ônibus. Ela disse sorrindo.
- Como assim?
- Moro aqui perto, só estou vendo o movimento.
Na hora, não achei o comentário da moça estranho. Que tolo eu não? Uma mulher linda como aquela, “vendo o movimento” em frente a um cemitério…

Tentando se dar bem, emendei.
- Se eu fosse você iria para casa, é perigoso uma moça tão linda como você ficar por aqui sozinha.
- Eu não tenho medo e se é tão perigoso, por que não saímos daqui juntos?
Safada! Safada! Safada!
Acabei nem precisando fazer meu amador jogo de sedução, que provavelmente não funcionaria.
Ela ficou em pé, enganchou em meu braço e começamos a caminhar.
Ah coisa linda!
- Você não me disse seu nome. Eu falei.
- Fernanda.
- Belo nome… Belo nome…Para onde vamos Fernanda?
- Que tal para sua casa.
Minha nossa senhora, essa muié queria me deixar doido e estava conseguindo!
Olhei para ela, pura sedução! Como eu podia ter encontrado uma loira daquelas sozinha?Ah, que sorte eu tive de passar em frente ao cemitério. Aquela era a melhor recuperação possível do lanche mal-comido! Foi isso que pensei, enquanto começamos a caminhar.
Seguímos conversamos sobre algumas coisas, estávamos a caminho de minha casa.
Agora acredite se quiser, mas tal da Fernanda combinava comigo e não é sempre que eu acho uma pessoa assim, com os mesmos gostos esquisitos.
Seria ela minha alma-gêmea? Não era. E eu também não estava ligando muito para esse lance de sentimento. Queria apenas me dar bem, terminar a noite em grande estilo já que o começo da mesma fora uma bosta.
Perguntei se ela não sentia frio, pois usava apenas um vestido e sapatilhas.
- Sinto frio, mas já me acostumei.
Tirei meu caso e coloquei sobre os ombros de Fernanda. E então acabei ganhando um beijo!
Ponto para mim, certo? Não, não mesmo!
O beijo foi horrível, um dos piores de toda a minha vida. E olha que pelo falto de não ser bom de papo já beijei muita coisa ruim!
Vou te contar, e você pode até achar engraçado, quando no fundo tudo é trágico!
Fernanda tinha um hálito horrível! Um bafão catinguento! Juro!
Tentei disfarçar e cheguei até a pensar que havia feito uma burrada em ir conversar com a moça. Mas ao olhar novamente para ela resolvi ignorar nojento “detalhe”. O corpo compensava e eu a evitaria beija-la antes de oferecer uma balinha.
Seguimos andando e eu pensando com meus botões “Tenho que dar um jeito de foder com ela e não beijar mais essa boca podre…” “Vai que ela não aceita uma bala, ai ferrou de vez”. Sim, eu me preocupo com porcarias.
Mas voltando a história. Só não abandonei Fernanda depois do beijo por que realmente ela era a maior gostosa. Me perdoem a empolgação, mas, quando lembro daquele corpinho fico louco!
Chegamos em casa e fomos direto para o quarto. Sim! Ela também queria!
Perguntou se podia usar o banheiro e eu disse:
- Mas é claro. Torcendo para que ela escovasse os dentes.
Enquanto isso deitei na cama. E fiquei pensando em que diabos aquela mulher havia comido. Ela saiu, saiu do mesmo jeito que entrou, percebi isso quando ela se aproximou de mim.
Hoje acredito que provavelmente ela estivesse cagando, essa é a única explicação. O problema é que não sei se eles cagam, de certo sim. Bom, eu faço normalmente, como qualquer um.
Ela subiu na cama e beijou-me. Eu desviei a boca, e parti para a primeira parte de meu plano diabólico. Joguei ela de quatro e parti para cima, já imaginando meu Gran-Finale.
Enquanto ela gemia, eu delirava! Já imaginando em como acabaria com ela depois que terminássemos. Sim, acabar de outra forma! Você pode achar estranho, mas você não é como eu.
Lembra do que eu disse? Desejo, uma bela mulher e morte são os elementos dessa história.
Continue lendo, já, já vai entender. E se caso já sacou (Sempre tem os espertinhos), termine, quem chegou até aqui é porque quer mesmo o final.
Depois de muita loucura, terminamos e ai caímos na cama. Um ao lado do outro.
Então ela começou com uma conversa muito estranha:
- Lúcio… Você gostou?
- Adorei. Respondi virando o rosto para evitar o bafo.
Eu queria que ela dormisse, para então fazer minha parte, o desfecho, o golpe final! Mas a moça estava afim de conversar.
Ah mulheres, sempre querendo bater papo depois do sexo.
- Você tem algum segredo, algo bem impactante? Fernanda me perguntou.
- Vários.
- Eu tenho alguns também… E quero lhe contar três.
- Três? Puxa… Pode falar linda.
Não, ela não podia! Eu não queria ouvir a conversa, mas ao mesmo tempo estava curioso demais e ainda cansado. Era melhor recuperar minhas forças, se não ela teria chances de fugir.
- Bom, o primeiro é que eu sou de menor.
Fiquei abismado. Ela parecia ter pelo menos vinte e três anos, Juro! Tá certo que era de noite, escuro e tudo mais. Mas ainda lembro de seu rosto, vinte e três no máximo!
De qualquer forma não me importei, já tinha feito coisa pior do que dormir com uma adolescente.
- Você não liga, não é?
- Não.
- Eu também nem me importo, afinal não posso fazer nada. Ela falou ainda sorrindo.
- Qual é o segundo? Perguntei curioso.
- Eu era virgem.
Eu ri…
Pelo jeito que ela agia na cama, como uma verdadeira meretriz, ela não podia ser virgem, não mesmo! Sei que que começou com a verdadeira sacanagem foi eu, mas Fernanda também teve vez e acabou me mostrando todas as suas habilidades na cama, que por sinal, não eram poucas. Meretriz, provavelmente uma meretriz. Foi o que deduzi ainda deitado na cama.
- É sério cara… Na verdade eu ainda sou virgem. Ela disse olhando para mim.
- Não entendo?
- Não importa… Vamos para o último segredo.
- Ok, conta.
- Aproximadamente a uns, deixe me ver. Hoje faz 35 anos… Isso, 35! A exatamente 35 anos atrás, eu voltava do colégio… E então…. Então fui atropelada por um carro e ai… Morri…
Não podia ser! Agora estava explicado todas aquelas coisas estranhas! O lance de “Estou vendo o movimento” e toda a encenação em frente ao cemitério, o corpo gelado que não sentia frio. Como eu não saquei!? Ela era uma defunta, um maldito fantasma!
Agora eu te pergunto…Você acha que fiquei com medo?
Não, não fiquei. O sentimento que explodiu em meu peito foi a raiva. Sim, a raiva!
Olhei para ela e disse:
- Eu não acredito.
Então ela falou.
- Acredite se quiser, mas você dormiu com uma morta! Dormiu com a Loira do cemitério!
De certo ela pensou que eu ficaria assustado e sairia correndo de minha própria casa e que durante o resto de minha vida, eu contaria essa história dizendo que desde aquela noite sou assombrado por medonhas memórias, um fantasma do cemitério, bla, bla, bla…
Mas o joguinho da desgraçada não colou e pelo fato de eu ter perdido as paciências, resolvi acabar com a palhaçada rápido.
- Quer saber um de meus segredos?
Ela ficou quieta. Devia ser a primeira vez que algo daquele tipo acontecia.
Agarrei Fernanda e fui direto para seu pescoço, cravei meus dentes naquela pele castigada pelo tempo e suguei, suguei com toda a minha força em busca de pelo menos uma gotinha de sangue.
Mas é claro que nada veio até minha boca, a garota estava seca. Era um cadáver e aquele não era um corpo de verdade. Mesmo assim ela gritou, por mais que estivesse morta, ainda sentia medo, ainda era uma garotinha, e apenas fingia ser durona.
- O que você está fazendo seu louco?
Com os dentes saltados eu olhei para ela e disse:
- Pelo menos uma gota de sangue ei de encontrar!
Ao ver minhas presas a defunta gritou:
- Vaaaaampiroooooooooooooooooooooo!
E ai a filha da puta desapareceu, simplesmente evaporou. Provavelmente seu espírito voltou para o cemitério, para o ponto de ônibus. Sei lá.
E eu fiquei rindo, rindo para mandar o resto da raiva embora.
Assim foi o final de minha noite. Uma verdadeira merda. Primeiro um pescoço de um velho que vagava por uma rua deserta. O sujeito devia ter alguma doença séria, pois o gosto de seu sangue estava tão ruim, que como eu disse, vomitei. Depois, quando achei que ia faturar um pescocinho lindo, para pelo menos terminar bem a noite, acabei caindo no jogo de uma morta. Se não fosse a foda, provavelmente teria sido a pior noite de minha vida. De qualquer modo, tenho certeza que foi o encontro mais macabro que já tive, isso eu não duvido.
Ah, o susto que dei valeu a pena, foi engraçado pra caralho, pena ter durado pouco.
Sem contar que eu acho que serviu para que essa morta pense duas vezes antes de se engraçar para qualquer um na frente do cemitério.
Deitei em minha cama com sede, com fome. Mas a preguiça foi maior. Eu não iria levantar e ir até a geladeira, pegar uma das minhas bolsas de sangue e ficar por dez minutos esperando o descongelamento. Por isso deixei a necessidade para ser saciada na próxima noite, por hora eu já tinha vivido aventuras demais.
Liguei a TV, estava passando “De Frente Com Gabi” e o entrevistado era o Luciano Huck. Sim, aquele não era meu dia sorte. Fechei os olhos e fiquei pensando na eternidade, na morte que nunca chegava.

“Vida de vampiro moderno não é nada fácil…não mesmo…”

Nenhum comentário: