A ÚLTIMA FESTA DE HALLOWEEN
Cercado pelos mais diversos tipos de monstros eu rio, danço e canto. É o tempo do maldito, a hora dos mortos vivos! Debaixo de todas essas máscaras, homens e mulheres perdidos no grande mistério se deliciam, pois enfim a grande noite se iniciou, o último Halloween!
Em breve nossa missão estará cumprida, em breve o sagrado objetivo, o grande desfecho que á anos esperamos se completará. Mas antes disso mais vinho, mais música e calor. Calor humano, toque, beijos e abraços misturados a tantos braços e tentáculos!
É disso que precisávamos, afinal é tempo de festa! Um viva para o sangue, um viva para alma! Um viva para aquele que dorme, mas em breve acordará.
Eu que tenho plena consciência de meus atos, já cansei de tanto pensar e voltar atrás, agora sigo em frente, pois avançar é melhor que ficar no mesmo lugar e morrer como um verme.
Foram minhas escolhas que me trouxeram até aqui. Hoje sinto meu espírito completo e de meu coração inunda a loucura mesclada com todos os mais ardentes desejos! Hoje, mais que todos os dias, os sonhos inalcançáveis e a fé se convergem em um orgasmo múltiplo de adoração e comemoração. É o dia dos mortos, é o grande dia!
Foram minhas escolhas que me trouxeram até aqui. Hoje sinto meu espírito completo e de meu coração inunda a loucura mesclada com todos os mais ardentes desejos! Hoje, mais que todos os dias, os sonhos inalcançáveis e a fé se convergem em um orgasmo múltiplo de adoração e comemoração. É o dia dos mortos, é o grande dia!
Para aqueles que não entendem a festa, tudo se trata de apenas mais um encontro de doidos, tanto é que escolhemos um lugar afastado dos demais para realizar esse grande evento. Mas para os convidados tudo se trata de um grande festejo, o dia que todos nós esperávamos. O último ato.
Com uma garrafa ainda cheia em mãos, sigo, misturando-me aos demais fantasmas e demônios. Uma caveira vêm em minha direção, rouba-me um beijo. Sinto o gosto do álcool em sua boca, exarco-me com seus lábios, mergulhando nos caminhos do desejo profano.
E os monstros passam, beijos são trocados, corpos são fundidos e a festa segue em uma orgia infernal. Eu, mesmo sendo um pouco inquieto, compartilho do prazer, já estou alto, estou quase lá!
Olho para as bestas dançantes, para os mortos-vivos perversos e reafirmo minha opinião que todos nós somos monstros. Seja com mascaras ou sem mascaras, a vida é um show de horrores.
O mal vive no coração de todo homem, as vezes disfarçado de bondade. Pois o mal é mais atraente e misterioso e é só ele que traz o que realmente faz diferença, o prazer e o poder. Olhando para meus parceiros felizes, vejo a verdadeira essência da vida. Os sorrisos, por mais que macabros tomam conta do salão. Mas tudo tem seu preço! Esse é um jargão popular que se aplica à meu confuso discurso, pois a hora está chegando e é preciso que antes da ascensão, aja a queda.
O relógio bate meia-noite, os monstros agora se atacam! Em minha frente vejo um banho de sangue, uma guerra de amigos. Treze precisam ser mortos, o chão deve ser lavado com o rubro líquido que corre nas veias dos homens.
A oferenda é essa, é o único jeito. Um preço insignificante para o Onipotente, mas que nenhum de seus servos quer pagar. É por isso que há a guerra. E eu não mato, eu já vim fantasiado de morte, de cavaleiro negro, o que já é de bom tamanho.
Me escondo, para que assim ninguém parta para cima de mim. E aqui camuflado, não como um covarde, mas sim como um observador que sabe que se ficar quieto terá suas recompensas, eu encaro a decadência de meus irmãos. Sorrio ao ver toda a repentina tragédia, mesmo que por baixo de minha fantasia, calado exista um moleque. Um rapaz de apenas 21 anos que entrou para essa estranha sociedade secreta por curiosidade e sede por pode, eu sorrio, pois o medo já não faz mais parte de mim.
Os mascarados que se entrelaçavam, agora guerreiam, uma briga de unhas e dentes, uma selvageria que terá como resultado corpos no chão. E eles vão caindo, o tempo passa e eles vão caindo.
Agora os ponteiros marcam meia-noite e meia e o ritual enfim está completo. Aqueles que sobreviveram se encaram e em poucos segundos voltaram a dançar.
Dentro da mansão a festa continua e eu saio de meu esconderijo. Volto a ser o senhor da noite, a morte. Volto feliz, pois estou em pé.
Canto e festejo junto dos outros monstros. Fazemos a maior farra sob os restos daqueles que padeceram.
Os que ficaram feridos não se importam, pois estão vivos e iram presenciar a grande chegada. Agora falta pouco! Novamente é uma questão de tempo. Basta o sol raiar e ele, nosso amo, se erguerá das profundezas do mundo subterrâneo, para reinar sob todos os homens, tendo do seu lado apenas aqueles que se esforçaram para sua libertação.
As horas passam mais rápido, eu vejo que aos poucos os homens-monstros começam a ceder, é o cansaço tomando conta de seus corpos físicos.
A festa acaba e deito-me em meio ao sangue, cansado e bêbado. Olho pela janela da velha mansão e vejo que ainda é noite, mas não me importo. O que está feito, está feito, agora só me resta esperar o sol nascer.
Fecho meus olhos e durmo como uma criança, sabendo que dias melhores virão…
FIM?
Credits: Solo Proibido
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