sábado, 30 de janeiro de 2016

Capitulo 3 - Incidente em Phoenix

3
Antes
Quinta feira, 21 de fevereiro de 2067

Seu dia definitivamente estava ruim.
No dia anterior havia recebido outra advertência por usar celular dentro de St. May, sua mãe havia sido notificada e como se não bastasse ela ficaria de castigo todos os dias que ficaria em casa.
Hoje, porém, Marie não estava nem um pouco interessada na aula incrivelmente patética de física.  Discutiu com o professor, e por isso foi mandada para a sala de desvio comportamental para passar um tempinho conversando alegremente sobre sua conduta com Kelly Summers a orientadora do internato. Para Marie não havia coisa pior que ir para sala de Kelly, que por acaso, ela fazia no mínimo dez vezes na semana.
- Senhorita Mason, já é a quarta vez que você vem a essa sala – A tentativa grotesca de Kelly parecer seria causava risinhos de deboche, algo que Marie não conseguia evitar.
- Me desculpe, às vezes esqueço que as pessoas tem o direito de serem idiotas, mas ele passou do limite! – Marie retrucou.
A sala onde as duas estavam ficava, infelizmente, no subsolo, umas das supostas vantagens de ir para o incrível Internato de St. May. Nem ela nem Kelly gostavam de ficar de baixo da terra, a sala de sua orientadora também não ajudava, era uma caixa de sapatos com no máximo cinco por cinco metros quadrados, com um ventilador de teto a mesa onde Kelly conversava com seus alunos, ao redor ficavam duas prateleiras repletas de livros para psicólogos e romances adultos. Tudo isso ligado por um extenso e sombrio corredor iluminado por lâmpadas velhas que amavam falhar quando ela o atravessava.
A orientadora encarou Marie, dessa vez ela havia exagerado.
- Eu já te disse isso antes... – Kelly começou a fazer seu velho discurso – Você tem que aprender a controlar sua raiva, as coisas não vão se resolver apenas com você falando oque vier...
O rosto de Kelly sumiu de repente, com o susto, Marie mal pode se segurar e berrou diversos palavrões para o nada amaldiçoando ele por deixa-la debaixo da terra no escuro. Finalmente, depois de alguns minutos Kelly conseguiu acalmar a garota pegando uma lanterna que guardava em sua gaveta.
- É para caso de emergência – Ela disse.
Em seguida ligou o feixe de luz iluminando o próprio rosto mostrando que estava sorridente.
- Alias não fique se borrando como uma menininha – Kelly provocou.
- Não estou... – Marie sussurrou.
Mas as duas sabiam que ela estava Marie odiava o escuro mais que tudo na vida.
Kelly se apressou e iluminou a porta para que Marie pudesse abrir. A garota mal pode evitar o gemido de medo ao descobrir que tinha ido parar naqueles filmes de terror com o corredor escuro que a qualquer momento um demônio iria sair do nada e cortar sua...
- Vamos logo sair daqui, por favor – Sussurrou desesperada.
Marie não pode evitar, rapidamente segurou a mão da orientadora, bem no fundo ela sabia que não odiava Kelly, apenas odiava o fato de ter que ficar naquela escola estupida.
O corredor onde ficava a sala de orientação era o mais isolado da escola, o lugar mais próximo e movimentado era o refeitório que ficava do lado das escadas que levavam para o subsolo. As duas passaram rapidamente pelas escadas para encontrar St. May mergulhada no caos. Todos os alunos da escola estavam separados formando pequenos bandos que passeavam livremente pela escola – oque era algo muito estranho já que se fosse o caso os seguranças seriam acionados e todos iriam para os dormitórios, que ficavam no subsolo – eles estavam assustados como se tivessem visto um fantasma.
Marie arrastou Kelly para rapidamente abordar uma garota que ela não lembrava o nome, mas sabia que era de sua sala e disse:
- Você sabe oque esta acontecendo?
- Não, os celulares não estão funcionando... Nada esta funcionando.
A garota saiu andando para o refeitório como se Marie fosse uma estranha aleatória.
- Preciso ir à sala de professores – a orientadora falou.



- Algum de vocês sabe oque esta acontecendo? – Kelly perguntou olhando na direção dos outros professores.
Estava na sala um total de dez professores, ao lado dali estava a sala do diretor que, segundo Bruce Chamberlain – o pior professor da escola que por acaso dava aula de gramatica e tinha a reputação de abusar de alunas do ensino médio, claro que nada tinha sido provado e as alunas tinham negado a acusação, mas todos sabiam que era verdade – o diretor, conhecido como Ben estava em uma importante reunião e não podia ser incomodado.
- Não, estamos esperando informações do diretor.
- Ótimo, onde estão os seguranças? – O professor de história, Rooskey, reclamou – Ali esta um caos! – disse apontando para a porta.
- Não deve demorar muito – Bruce sussurrou.
- Tomara...
A porta da sala do diretor se abriu de repente, um homem de terno saiu de dentro sorridente e olhou para todos na sala.
- Tudo resolvido, não vai demorar muito para que as coisas voltem ao normal – O homem disse – Eu já vou indo, Ben deve vir a qualquer momento ter uma reunião com vocês e... – Ele olhou de um modo estranho para Marie -... Você não deveria estar aqui, ele vira logo – disse olhando para os professores.
- Querida, acho melhor você ir – Kelly falou implorando de um jeito que só ela conseguia fazer.
O homem já tinha saído sem dizer mais nada, agora todos os professores encaravam a garota como se ela fosse um monstro que deveria ser queimado vivo.
- Tudo bem... Ele disse que ia voltar ao normal não é?
- Sim – Kelly respondeu.



Marie jurava que havia ouvido um grito quando saiu da sala, mas não tinha como ter certeza por causa do barulho que estava fazendo do lado de fora. Era impressionante, o comportamento dos alunos sem seguranças por perto, seria maravilhoso que aquilo terminasse logo, pois a maioria ali tinham problemas psicológicos e não duvidaria se começassem a se matar de repente.
Ela não tinha nenhum amigo em especial, tinha se fechado quando entrou para St. May, mal falava e quando falava era pra insultar os professores da escola. Marie era muito atraente e sabia disso, sabia como usar isso com os garotos de sua sala, mas não usava por que queria permanecer invisível mesmo sendo mandada para fora de sala quase todo o dia ela tentava com todas as suas forças permanecer invisível naquela maldita escola. Afinal, tinha sido por causa de sua aparência que ela havia parado naquela escola.
Marie estava perto de sua sala de aula observando a movimentação dos alunos que andavam pra lá e pra cá, foi então que o homem de terno que tinha saído da sala do diretor apareceu se destacando dos alunos.
- Todos os alunos que estão fora da sala de aula devem retornar para seus dormitórios, em alguns minutos nosso gerador irá ser ativado – A voz de um homem ecoou pelo megafone – Quem estiver no pátio da escola ira sofrer com as terríveis consequências...
Um estrondo fez o chão tremer.

Marie mal conseguiu se equilibrar batendo a cabeça numa parede em seguida tudo se tornou um imenso borrão e, tudo oque ela conseguia se lembrar daquele dia eram dos corpos amontoados numa sala escura.

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